Sobreviventes de 1º ataque dos EUA no Caribe estavam desarmados e passaram 1h tentando se salvar antes de serem mortos, diz agência

Escrito em 05/12/2025 PodCast


EUA anunciam ataque aéreo nas águas do Caribe Um vídeo do primeiro ataque realizado pelo governo Trump no Caribe e exibido a parlamentares dos Estados Unidos nesta quinta-feira (4) mostra que dois homens sobreviveram ao primeiro bombardeio realizado, estavam desarmados e passaram uma hora tentando se salvar antes de serem mortos, segundo a agência de notícias Reuters. Duas fontes que tiveram acesso às imagens, exibidas a portas fechadas no Capitólio americano, contaram que elas mostram a fumaça se dissipando e dois homens, que de alguma forma sobreviveram à explosão, agarrados à proa da embarcação. Eles estavam sem camisa, desarmados e não carregavam nenhum equipamento de comunicação visível. Também pareciam não ter ideia do que acabara de acontecer, ou que os militares dos EUA estavam considerando se deveriam finalizá-los, ainda de acordo com as fontes ouvidas. O almirante Frank Bradley, que chefiava o Comando Conjunto de Operações Especiais na época, teria concluído, então, que os destroços provavelmente estavam sendo mantidos à tona porque continham cocaína e, por isso, decidiu que precisaria atacar a embarcação novamente. O vídeo termina exibindo três munições adicionais sendo disparadas contra a embarcação danificada, disseram as fontes. "O vídeo os acompanha por cerca de uma hora enquanto tentam virar o barco de volta. Eles não conseguiram. Dava para ver os rostos, os corpos... Aí, bum, bum, bum", afirma uma delas. O ataque em questão ocorreu no dia 2 de setembro. Ele foi o primeiro de 22 ataques a navios de narcotráfico realizados pelas forças armadas dos EUA como parte da campanha do governo Trump para conter o fluxo de drogas ilegais para os Estados Unidos. Eles já deixaram 87 mortos. Imagem mostra ataque dos EUA contra barco no Caribe Governo dos EUA De acordo com a Reuters, as reações dos parlamentares que assistiram as imagens dividiram-se por linhas partidárias: os democratas expressaram consternação, enquanto os republicanos defenderam a greve como legal. O senador Tom Cotton, do Arkansas, presidente republicano do Comitê de Inteligência do Senado, disse que Bradley e Hegseth fizeram exatamente o que se esperava deles: "Vi dois sobreviventes tentando virar um barco carregado de drogas com destino aos Estados Unidos para que pudessem continuar lutando". Já o o deputado Jim Himes, de Connecticut, principal democrata na Comissão de Inteligência da Câmara, disse a repórteres após a reunião que aquela era "uma das coisas mais preocupantes" que já tinha visto. O senador Jack Reed, de Rhode Island, principal democrata na Comissão de Serviços Armados do Senado, seguiu a linha do colega de partido e disse estar "profundamente perturbado" com o vídeo e afirmou que ele deveria ser divulgado ao público. O Manual de Direito da Guerra do Departamento de Defesa dos EUA proíbe ataques contra combatentes incapacitados, inconscientes ou náufragos, desde que se abstenham de hostilidades e não tentem escapar. O manual cita o disparo contra sobreviventes de naufrágios como um exemplo de ordem "claramente ilegal" que deve ser recusada. Desde o começo dos bombardeios a embarcações no Caribe, a legitimidade dos ataques vem sendo questionada pela comunidade internacional. No fim de outubro, o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, os classificou como "execuções extrajudiciais". A investigação dos parlamentares sobre o ataque ocorre uma semana depois que o jornal americano "The Washington Post" publicou uma reportagem revelando o assassinato dos sobreviventes. Secretário de Guerra dos Estados Unidos, Pete Hegseth, e montagem de tartaruga Franklin bombardeando barcos. Pool via Reuters e reprodução/redes sociais Acusado de "crime de guerra" na matéria, no domingo (30), o secretário de Guerra dos Estados Unidos, Pete Hegseth, postou uma montagem com um desenho infantil para zombar das acusações contra ele. (veja acima) Esta semana, ao ser questionada sobre o ataque, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, confirmou o segundo bombardeio e atribuiu-o a razões de legítima defesa. Isentou Hegseth de responsabilidade e afirmou que a decisão partiu do chefe do Comando de Operações Especiais, Frank M. Bradley, mas ressaltou que o almirante agiu dentro de sua autoridade.